O cinema é uma arte do coletivo, experiências e vivências são partilhadas em frente e por trás das telas. Todos têm uma função na organicidade de produzir um filme. Uma mostra de cinema é feita de muitas mãos e cabeças. Partindo dessa perspectiva, a Mostra Quilombo busca entrelaçar raízes, construir pontes e um espaço onde não há um olhar do estrangeiro. Aquilombar para criar, experimentar, denunciar, mudar.

Na terra de Zumbi dos Palmares e dos Caetés, aprendemos que para resistir precisamos estar juntos e ter sentido de comunidade. Traçar no horizonte os contornos de um quilombo, para que o segredo nos guie nesse tempo em que tudo é mercadoria, até os nossos gritos roubados. Porque nossos cinemas não se limitam a etnografias e denúncias, muito mais que isso, é também sobre relação e existência. Muito além da ocupação, pois sempre estivemos por aqui.

Convidamos a todos a sentir os tempos de vários registros, abraçar o onírico, a opacidade e o coletivo, e a ver cada um desses curtas-metragens como caminhos abertos, fendas no espaço-tempo, lugares de encontros e reencontros.
O conjunto de filmes selecionados foi organizado em duas sessões: a Motirõ e a Kilombo.

É escritor, realizador cinematográfico e produtor cultural, vive em Maceió/AL. Lançou os livros Os meninos iam pretos porque iam (Imprensa Oficial Graciliano Ramos, 2019), ROBYN (1TXW, 2020), zine de poesia, e TXOW (Edipucrs, 2020). Realizou o curta-metragem círculos (1TXW, 2020). Assina, com Janderson Felipe, o roteiro e a direção do curta Samuel foi trabalhar (em produção).

Roseane Monteiro é mestra em História (Ufal), realizadora em audiovisual, doutoranda no PPGH/UFSC, produtora cultural, curadora e cineclubista. É uma das idealizadoras e curadora da Mostra Quilombo de Cinema Negro e Indígena. Lecionou no curso de Operador de Câmera EJA Médio Tec e nos projetos Doclab 2018 e Cine do Mangue (2021). Integra o Mirante Cineclube e colabora para o site Alagoar e para o Podcast Fuxico de Cinema.

Ziel Karapotó é artista multimídia, ativista, produtor cultural e cineasta, pertencente à nação indígena Karapotó. Acredita na força de sua ancestralidade e potência do seu corpo como ferramenta discursiva anticolonial.

O curta-metragem ‘O verbo se fez carne, 2019’, foi o seu primeiro filme. Até o momento a obra ganhou 20 prêmios no circuito de cinema nacional. Em 2020 Karopotó foi contemplado com o prêmio “Um outro Céu”, uma premiação organizada pela rede de universidades da Bahia (UFBA, UNEB, UFRB), do Pará (UNIFESSPA), Inglaterra (Sussex), com apoio da Fapex, junto ao movimento indígena, através da APOINME, e realizou a obra audiovisual “Commodity”.

Em 2021 foi um dos curadores do Festival Alagoanes: 100 anos de audiovisual em Alagoas e foi júri da mostra competitiva da Semana do audiovisual Negro em Recife. Também foi um dos autores, junto com outros cineastas indígenas, do especial ” Falas da Terra”, projeto fomentado pela TV Globo Rio de Janeiro. Participou da direção de arte do projeto audiovisual “Aracá” de Abiniel Nascimento e está finalizando como codiretor o doc experimental Paola.